Vamos conversar com a conexão?

Apresentando a conexão

“CONEXÃO” é o nome que o Pedro deu aos seus amigos imaginários que o acompanham desde a infância. Ele reserva um espaço íntimo, geralmente o seu quarto, para "conversar com a sua conexão". Isso sempre foi respeitado pela família.

Falar sozinho é uma das características de alguns autistas para organizar as suas emoções cotidianas, elaborar a sua solidão e confrontar os dilemas do dia a dia.

Ao contrário do que se imagina, um autista tem hiperatividade cerebral, por isso necessita das estereotipias, geralmente bizarras, para descarregar a sua sobrecarga de estímulos sensoriais.

Quando são castradas de forma agressiva, essas “bizarrices” podem até desaparecer momentaneamente, mas isso pode reverter em danos futuros irreparáveis, explodindo de formas incontroláveis, com riscos para ele e para quem convive com ele.

Em contrapartida, quando aproveitamos com inteligência os ensinamentos que toda essa energia vital em excesso representa, podemos conhecer um mundo inimaginável de possibilidades.

E isto foi aplicado ao Pedro desde o seu nascimento, paralelamente a todo o sofrimento natural que as deficiências causam. A experiência deu certo e resultou no seu progresso diário com muito prazer.

Foi dando sentido a tudo o que pudesse representar empecilho à sua realização, que conseguimos progresso. Foi preenchendo de conteúdo tudo o que a cada momento parecia aleatório e sem nexo, que conseguimos sucesso. E o resultado podemos hoje usufruir em família, com o Pedro sentindo-se um alegre "quebrador de paradigmas", habituado a lançar frases como "eu te amo!" "estou feliz" e "muito obrigado", várias vezes ao dia.

A LOGOMARCA

Desenvolvemos em consenso o design da logomarca do Projeto Conexão, @2020 ensino aprendizagem multiplataforma & interdisciplinar, a partir do principio óbvio do coração vermelho. Quando deslocamos um pedaço simétrico, quadrado desse coração para o lado de fora da imagem, criamos todo o simbolismo do que queremos imprimir a esse projeto.

Sugere uma trajetória de vida de um coração pulsando apesar de tudo. O pedaço arrancado caiu para fora, mas não se desprendeu completamente, como se o cordão umbilical nunca se rompesse e o mantivesse preso à nave-mãe, sem deixá-lo tornar-se completamente um indivíduo, mas também o alimentando e dando-lhe sentido. A maioria dos filhos com deficiências estará presa umbilicalmente à família pela vida toda. O buraco causado pelas perdas emocionais jamais será preenchido novamente, mas os laços e cordéis que prendem os pedaços deslocados para fora poderão criar novas e belas formas. Tudo muito simples e significativo.

CONCEITO

O conceito de CONEXÃO @2020 Ensino Aprendizagem Multiplataforma e Interdisciplinar e o da quebra do paradigma do professor "Senhor do Saber". Com a tecnologia, o ensino virou caminho de mão dupla e o aprendizado é simultâneo de parte a parte, exigindo humildade de quem lidera. Invariavelmente, o aluno sabe mais que o mestre em determinados temas, o que cria uma nova ordem relacional de respeito na Educação. Nosso foco são as pessoas que por incontáveis motivos sentem dificuldade de aprender ou ainda não descobriram o quão simples e divertido pode ser adquirir Conhecimento. Queremos estar hiper conectados para essa troca.

NOSSAS CONEXÕES ACADÊMICAS

Estamos em conexão com as instituições com as quais tivemos relações educativas nesses últimos anos e com novas propostas. Faremos atualizações diárias dos nossos conteúdos, com comentários das matérias do curso de Ciências Sociais da Universidade Nove de Julho (Uninove), Campus Vergueiro, que passamos a cursar nesse ano de 2020. Faremos conexão com outras instituições de ensino e acolhimento de pessoas que necessitem de aprendizagem adaptada. Disponibilizaremos aulas interdisciplinares para todos que se interessarem. Entrevistaremos especialistas de todas as áreas, publicaremos seus artigos e divulgaremos notícias sobre tudo que diga respeito ao nosso universo adaptado.

A nossa proposta é cumprir o bacharelato em Ciências Sociais e História, seguindo para Antropologia, com especialização em Estudos Africanos e ênfase em Genética Humana, compartilhando publicamente essa trajetória na forma de diário. Tudo o que aprendermos daqui em diante será oferecido para quem quiser aprender.

A "Conexão", que particularmente para nós sempre teve um significado aflitivo, pela incerteza com o Pedro; hoje passa a representar a gratidão de poder dividir tudo o que de melhor aprendemos com ele. Representa as milhões de sinapses que conseguimos construir na sua rede de neurônios em 20 anos. Representa a conexão apaziguada que hoje mantemos com um sistema nervoso e biológico outrora desconhecido e cheio de inseguranças e transtornos que enfrentamos em desespero. Na tecnologia, representa a conexão do nosso protagonismo virtual na rede de computadores; mas também lembra as noites em claro digitando alucinadamente em busca de entendimento do que acontecia, e, sobretudo, mais do que a necessidade de quebrar muros para construir pontes em vão, como no passado; representa hoje a possibilidade da articularmos trilhões de laços invisíveis que atravessam paredes, que não admitem fronteiras nem aprisionamentos. Isso, nós conquistamos em meio a 20 anos de incertezas, E, acima de tudo, quebramos paradigmas. Diferentemente da "parceria" - que exige compromisso e se rompida se desfaz, a nossa conexão, ao contrário, permitirá acesso e desligamento, vigília e fuga, sem necessariamente deixar de existir, pois na sua reinicialização tudo de bom continuará lá, independente de nós. É isso que buscaremos construir com pessoas e entidades relevantes que admiramos. A nossa Conexão exige menos compromisso formal e mais presença real, atenção, comprometimento, envolvimento, foco, senão não acontece. O que podemos falar a respeito do que "conexão" representa hoje pra nós é ilimitado no tempo e no espaço. Como diz a máxima do NEED onde trabalhamos: “O limite de cada ser humano está onde a sua imaginação pode chegar!” A busca será infinita, mas o prazer que pode advir também.

OS AUTORES

Pedro Rosengarten Baptista, 20 anos, autista, e seu pai Guto Maia (José Augusto Maia Baptista), 67 anos, atualmente são professores interdisciplinares e pesquisadores de Educação Adaptada para pessoas com e sem deficiências que apresentem dificuldades de aprendizagem devido a limitações físicas, intelectuais, mentais, motoras, sensoriais e psíquicas causadas por hereditariedade, fenômenos genéticos, acidentes limitantes, inadequação ergonômica, traumas e barreiras psicológicas, sociais e atitudinais.

ATIVIDADES

Atuam também como palestrantes credenciados pelo Memorial da Inclusão, ligado à Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo; São educadores sociais no Projeto NEED, do Instituto Yara Angelini, com supervisão da psicóloga Avani Vanzetto, que atende cerca de 50 famílias de alunos com deficiências na região de Heliópolis, em São Paulo.

As primeiras aulas abaixo são conceitos básicos a serem aprofundados à medida do avanço nos conteúdos das matérias estudadas. Mas, já há bastante material para todos que tiverem interesse em pesquisa acadêmica.